A Bíblia descreve claramente a condição da humanidade antes de ser alcançada pela graça de Deus. Em Efésios 2:1-3, Paulo diz: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.”
Aqui, Paulo fala de uma morte espiritual. Isso significa que, antes de conhecer Cristo, todas as pessoas estão espiritualmente separadas de Deus. Estar "morto" espiritualmente implica em incapacidade total de responder a Deus por conta própria. Assim como um corpo morto não pode realizar nenhuma ação física, uma pessoa espiritualmente morta não pode gerar por si mesma a fé ou a obediência a Deus. Em outras palavras, sem a intervenção de Deus, nós não podemos, por nossos próprios esforços, crer ou buscar a Deus de forma genuína.
O que acontece no processo de salvação é que, antes de sermos capazes de crer, o Espírito Santo nos vivifica, ou seja, nos dá vida espiritual. Em Efésios 2:4-5, Paulo continua: “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.”
Aqui, Deus age em nós mesmo quando estamos mortos. Ele, por Sua misericórdia e graça, nos dá vida, ou seja, nos ressuscita espiritualmente. Esse ato de Deus é o que chamamos de regeneração, e é nesse momento que recebemos a capacidade de crer em Cristo. Antes da regeneração, estamos espiritualmente mortos, mas Deus nos dá uma nova vida através de Sua graça.
Essa ideia da morte espiritual leva à doutrina da incapacidade total, que afirma que, por natureza, os seres humanos não têm a capacidade de escolher ou buscar a Deus por si mesmos. Em Romanos 3:10-12, Paulo descreve essa condição: “Não há justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.”
Essa passagem reforça que, sem a intervenção divina, ninguém tem a capacidade de se aproximar de Deus ou de ter fé. O ser humano, por causa do pecado, está espiritualmente incapacitado.
Quando falamos de "ressurreição" espiritual, estamos falando do novo nascimento (regeneração), que é operado exclusivamente pelo Espírito Santo. Jesus explica isso de forma clara a Nicodemos, em João 3:3-8, ao falar sobre a necessidade de "nascer de novo" para entrar no Reino de Deus. Ele afirma que esse novo nascimento é uma obra do Espírito: “O vento sopra onde quer, você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito.”
Isso significa que a regeneração é um ato soberano de Deus pelo Espírito Santo, e acontece de forma misteriosa. Não somos nós que decidimos “nos regenerar”; é Deus quem nos ressuscita espiritualmente através de Sua graça.
Agora, podemos ver que a fé é o resultado da regeneração. Uma vez que Deus nos ressuscita espiritualmente, somos capacitados a crer. Isso se harmoniza com o que Paulo diz em Filipenses 1:29: “Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele.”
Esse "privilégio" de crer é algo que nos é dado por Deus como parte do Seu dom da salvação. Nós, mortos em nossos pecados, não podemos crer a menos que Deus nos dê vida e, com essa nova vida, venha a capacidade de crer e confiar em Cristo.
A ideia central aqui é que, por estarmos espiritualmente mortos em nossos pecados, precisamos ser "ressuscitados" pela graça de Deus para sermos capazes de crer. Esse processo é chamado de regeneração, e é uma obra soberana do Espírito Santo que nos dá nova vida espiritual. A partir dessa nova vida, recebemos a capacidade de exercer fé em Cristo e, assim, somos salvos.
Ou seja, a fé é o resultado de Deus primeiro nos dar vida espiritual. O Espírito Santo age, ressuscita nosso espírito, e então respondemos crendo em Cristo.
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