O propósito original de Deus
Quando Deus criou o homem, Seu desejo era que a humanidade refletisse justiça (um viver correto diante d’Ele) e comunhão (um viver em unidade com o próximo). Esses dois pilares — amar a Deus e amar ao próximo — resumem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:37-40).
O projeto de Deus era que a vida humana fosse marcada por equidade, bondade e solidariedade, onde cada um vivesse não apenas para si, mas para o bem comum, em harmonia com o Criador.
O rompimento da justiça
Com a queda, a justiça foi substituída pela injustiça. O homem deixou de viver em retidão diante de Deus e passou a viver segundo seus próprios padrões.
O pregador de Eclesiastes descreve isso:
“Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a impiedade, e no lugar da justiça reinava a iniquidade” (Eclesiastes 3:16).
Essa observação continua atual: onde deveria haver retidão, vemos corrupção; onde deveria haver equidade, vemos exploração. O pecado contaminou não apenas o indivíduo, mas também os sistemas sociais, econômicos e políticos.
A quebra da comunhão
Além de perder a justiça, o homem também perdeu a comunhão. No Éden, Adão e Eva viviam em perfeita unidade, mas após a queda passaram a se acusar mutuamente (Gênesis 3:12). Logo depois, Caim matou Abel, inaugurando uma história de violência e divisão entre irmãos (Gênesis 4:8).
Sem comunhão com Deus, a humanidade passou a viver em guerras, invejas e disputas. Ao invés de comunidade, surgiu a competição; ao invés de solidariedade, o egoísmo.
As marcas dessa perda no mundo atual
Ainda hoje vemos claramente os efeitos dessa ruptura:
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Onde deveria haver amizade, há ódio e rancor.
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Onde deveria haver equidade, há desigualdade e opressão.
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Onde deveria haver comunhão, há isolamento e desconfiança.
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Onde deveria haver paz, há guerras e divisões.
O projeto de Deus para a humanidade foi desfigurado. A queda transformou relações que deveriam ser de amor em relações de interesse e exploração.
O projeto restaurado em Cristo
Apesar dessa perda, Deus não desistiu do Seu projeto. Em Cristo, justiça e comunhão são restauradas.
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Justiça: Em Jesus, somos justificados pela fé (Romanos 5:1). Ele levou sobre si a nossa iniquidade para que pudéssemos ser declarados justos diante de Deus.
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Comunhão: A cruz também destruiu o muro de separação entre os homens. Paulo afirma que Cristo é a nossa paz, e que de dois povos fez um só, reconciliando-os em um só corpo com Deus (Efésios 2:14-16).
A Igreja, corpo de Cristo, é o espaço onde o projeto de Deus começa a ser vivido novamente: um povo marcado por justiça, amor e comunhão.
Aplicação prática
Se a queda trouxe injustiça e divisão, viver a redenção significa:
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Buscar a justiça de Deus, não a nossa própria. Ser ético, íntegro e verdadeiro, mesmo em meio a um mundo corrompido.
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Promover comunhão, sendo agentes de reconciliação em nossas famílias, igrejas e comunidades.
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Viver em amor, colocando os interesses dos outros acima do próprio egoísmo, como Cristo fez por nós.
Conclusão
A queda desfigurou o projeto de Deus, transformando justiça em injustiça e comunhão em divisão. Mas em Cristo, recebemos de volta aquilo que se perdeu.
Ele nos chama a ser luz em meio às trevas, vivendo como testemunhas de que Seu projeto ainda está em andamento e será plenamente realizado na nova criação.
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